sábado, 25 de dezembro de 2010

MEU PAI

Cavaleiro que passas nesta estrada
Seguindo pelo rumo do riacho,
Olha à esquerda e vê logo adiante
Modesta casa um pouco mais abaixo.


Vês por acaso um velho à janela?
É calvo, triste, de olhar cansado.
Tem quinze filhos que o amam muito,
Entretanto te parece abandonado?


Todos os que passam nessa estrada
Vêem o velho, a casa, a janela...
Nada muda.
Às vezes até parece uma miragem,
É como um quadro de real pintura.


E o velhinho ali embelezando a paisagem.


Olhar cansado, mas atento a tudo,
Olha daqui, olha dali,
Até parece uma sentinela.
E suas mãos trêmulas seguram
Os beirais inquebrantáveis da janela.


Sentado ali ele passa horas e horas
Longo demais lhe parece o dia.
Até que as estrelas azuis do firmamento
Reluzem cintilantes e a noite se anuncia.


O seu olhar comtempla o céu distante
E sua alma um pouco se alivia,
Talvez pensando naquela tarefa
Que arduamente mais uma vez cumpria.


Seu sentimento puro, verdadeiro
Nunca definido por ninguém,
Sua obsessão por estar junto à janela
Davam à impressão que esperava por alguém.


Vi muitas vezes e me comovi:
A alegria no seu rosto se estampava
Queria se levantar mas não podia,
Quando notava que na estada poeirenta,
Um de seus filhos mais uma vez surgia.


Cavaleiro que passas em teu cavalo,
Certamente não vês a mesma paisagem,
Daquele quadro foi retirada, de repente,
A mais querida e importante imagem.


Ouve agora e depois em teu cavalo,
Que no caminho a trotar-se vai,
Aquele humilde velho da janela
Não era um estranho para mim,
Era o meu pai.


Saudade confundida com ternura
Dentro de mim se explodem amargas como fel
Meu Deus,
O meu velhinho que ficava sempre à janela,
Vós me roubastes e levastes para o céu?

(Maria Wanda Mascarenhas Fraga)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sesmaria de Bernardo da Fonseca Lobo

"O Documento da paróquia oferece sendas importantes para uma política de patrimônio. O que ficou conhecido como “Sítio do Doutor Teles” em Barão era uma parte da Fazenda do Capão, originariamente de propriedade de Bernardo Fonseca Lobo. Vale lembrar que Bernardo registrou sua sesmaria no ano de 1739 e nessa data ela ficava isolada de tudo no mundo. Na carta de sesmaria declara “o qual confina por todos os lados com campos e parte com huas capoeiras devolutas, e que o suplicante tem plantado, ficando-lhe o campo em meio, e tudo fazia um quarto de légua em quadra”. [Villa Rica, 21 de Dezembro de 1739]
Em 1831, ainda residiam na fazenda do Capão pessoas aparentadas a Bernardo. O alferes Roberto Mascarenhas Vasconcelos, casado com Maria Cândida Fernandes. Ambos eram pardos, o que mostra como se miscigenou a descendência de Bernardo."

domingo, 21 de novembro de 2010

História da Matriz de Santo Antônio

A matriz de santo Antônio está construída no mesmo local da antiga matriz da cidade de Gouveia, em terreno com pequeno aclive, estando acima do nível da rua. O acesso às portas da igreja se faz por uma escadaria frontal de ardósia. Na época da construção da nova matriz, próximo ao altar, encontrou-se a sepultura de um homem, que parece ter sido de grande importância em vida, devido a presença de espadas e outros apetrechos indicando honrrarias, acredita-se ser Bernardo da Fonseca Lobo, o descobridor oficial de diamantes do ocidente. A matriz de Santo Antônio possui bens relevantes de sua época, como a imagem de São Miguel Arcanjo e de Santo Antônio, e os dois sinos da matriz, datados do séc. XVII e batizados com o nome de Dona Maria I. Contam os antigos moradores da cidade, que a matriz de Santo Antônio foi construída com material doado pelo bandeirante Francisco José Velho Cabral. A única condição imposta foi de que a matriz deveria ser voltada para o local onde existia uma enorme mina de ouro pertencente a ele. Após sua construção em 1.770 foi benta pelo vigário de Parauna, Pe. José Francisco de Paula, que também benzeu o sino da matriz. Foi demolida em 1959 e construída uma nova Matriz no mesmo local.

FONTE:Wikipédia

terça-feira, 2 de novembro de 2010

RODEADOR

Rodeador, terra de amor,
De amores que tive por lá.
Terra que me viu criança,
Terra do sonho de infância
Que o sono de criança
Ao vento noturno
O barulho do rio
Ajudou a embalar.

Terra em que flores boninas, rosas,
Camélias puderam cantar.

Terra de amor tão pungente
Em que vingou toda semente
Plantada por lá.
Terra da dona Rosa
De quem os doces gostosos
Eu pude provar,
Em cuja casa mais tarde
A dona das rosas veio a morar.

Em cada casa um aroma,
Um doce, uma quitanda,
Em que o sabor da pimenta
Com tudo vem se harmonizar.

Rodeador, terra ancestral,
Onde alguns vindos de África
E muitos de Portugal
Vieram a se amar.

Terra amada, terra querida,
Onde antes do fim da minha vida
Irei morar.

domingo, 31 de outubro de 2010

Bernardo da Fonseca Lobo e Dona Anna de Mascarenhas de Vasconcelos

Bernardo da Fonseca Lobo nasceu no lugar chamado Rio Maior na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, termo da Villa de Santarém, Arcebispado de Lisboa. Era filho legítimo de Antônio Jorge e Domingas Francisca. Sabe-se que tinha pelo menos quatro irmãos, Silvestre da Silva Franco, Patrício Gomes Machado, Maria Nunes Machado e Margarida Nunes Machado. Bernardo era proprietário de terras criar e de lavras de ouro no Serro Frio. No ano de 1723 para o de 1724 ele descobriu diamantes na lavra de Morrinhos dentro de sua propriedade. Apesar de suas várias tentativas de comunicar ao rei de Portugal aquele descobrimento, nisso fora impedido maliciosamente pelo ouvidor e pelo governador de então, ele só conseguira fazê-lo no ano de 1729, depois de uma audiência que tivera com o rei. Em 1733, obteve algumas mercês reais, dentre as quais, a patente de Capitão-mor, o ofício de Tabelião judicial e de notas da comarca do Serro Frio, o Hábito de Cavaleiro de Christo para si, uma tença que recebia também pelo feito, além de dois Hábitos de Christo para aqueles que viessem a se casar com as suas irmãs. Durante o tempo em que morou aqui no Brasil ele residiu em várias partes da comarca do Serro Frio, entre estas, o arraial do Tijuco, hoje Diamantina, na própria sede do município do Serro e na fazenda do Capão ou Baraúna, atualmente Barão de Guaicuí, distrito do município de Gouveia.
No ano de 1740, precisamente em 3 de Julho de 1740, Bernardo casou-se com Dona Anna de Mascarenhas de Vasconcelos, filha legítima do Alferes André de Mascarenhas de Vasconcelos e de sua mulher, Dona Maria de Jesus de Vasconcelos, era natural de São Caetano do Brumado, termo de Mariana, mas vivera com sua família no Serro. A cerimônia ocorreu na igreja Matriz de Nª Senhora da Conceição da Vila do Príncipe. O casal teve, no mínimo, 5 filhos que foram os seguintes: Theotônia Caetana de Mascarenhas, Roberto de Mascarenhas de Vasconcelos Lobo, Firmiana Silvéria de Mascarenhas, Bibiana Jacintha de Mascarenhas e Maria da Purificacão de Mascarenhas e Mancellos que morreu no ano de 1781. Theotônia, a primeira filha, provavelmente nascida no ano de 1741, casou-se com o sargento-mor de milícias, Manuel Fernandes Ribeiro, minerador e proprietário de terras com o qual teve seus três filhos: Manoel Fernandes de Mascarenhas, Anna Silvéria de Mascarenhas e Luíza Maria de Mascarenhas. Bibiana foi casada com Manuel Barbosa de Sousa. Firmiana morreu solteira com mais de oitenta anos e nunca teve filhos. Já Roberto serviu como coronel nas tropas reais, era proprietário de terras e de lavras de diamantes por várias partes da comarca do Serro Frio. Em seu testamento, incluíu suas irmãs e sobrinhos e nomeou Roberto, Libânia e a mãe deles, Anna Maria Plácida, negros forrados, seus herdeiros universais. Ao que parece, os dois foram os primeiros descendentes de Bernardo que foram fruto de miscigenação.

sábado, 30 de outubro de 2010

Sesmaria de Theotônia Caetana de Mascarenhas

Requerimento de Roberto de Mascarenhas de Vasconcellos Lobo de um ofício de Tabelião da Vila do Príncipe ao Rei de Portugal

PERSONALIDADES DA NOSSA FAMÍLIA:

Francisco Pedro Mascarenhas nasceu em Riacho das Varas, hoje Conselheiro Matta, em dezembro de 1889. Era o último dos três filhos de Francisco Xavier Vasco e de Delfina Cândida Mascarenhas. Por ser, também, o único filho homem, o varão, herdara o nome do pai,  mas o sobrenome da mãe, a "Sá Fina", que segundo diziam era muito autoritária. Por ser o caçula e único filho homem gosava de algumas regalias. Sua mãe o chamava de Nhô. Suas irmãs Raymunda Conegundes Mascarenhas e Virgínia Mascarenhas apesar de mais velhas o respeitavam como a um chefe de família depois que seu pai, o velho Chico morreu. Sua mãe, apesar de herdeira de grandes extenções de terra, viu-se com a necessidade de manter um negócio de tropa depois que seu marido morreu e para isso ela lançava mão de alguns serviçais seus, além seus próprios filhos. Segundo alguns, o Nhô era quase sempre poupado pela mãe e a lida com a tropa ficava a cargo de suas irmãs Raymunda e Virgínia.  Mas o Nhô ou Chiquinho do Brejo, como todos o conheciam, possuía uma curiosidade e uma inteligência acima da média e não se contentava em desempenhar apenas uma atividade. Costumava desempenhar várias ao mesmo tempo. Pois foi tropeiro, carpinteiro, marceneiro, farmacêutico e político. Possuía os instrumentos completos de cada uma das atividades que desempenhava. Além disso, recebia sempre hóspedes em sua casa e com sua mulher Dª Maria, tratava a todos, pobres ou ricos sem distinção. Pelo seu ofício de farmacêutico, que aliás era uma espécie de médico prático no Rodeador de então, ele muitas vezes não recebia nada nem pelos seus serviços, nem pela hospedagem do doente. Filho de mãe abastada, levara uma vida remediada e morrera na pobreza, mas por tudo que ele se tornara para as pessoas da região, o seu nome é sempre lembrado com respeito e admiração por aqueles que o conheceram ou ouviram falar dele.